Sacy e vitória: duas palavras que deveriam ter o mesmo significado no VALORANT. Ambicioso e disposto a vencer a qualquer custo, o brasileiro marcou a primeira geração do FPS da Riot Games com uma trajetória que dificilmente será superada. Acima das conquistas, ele se sacrificou durante anos para ser a representatividade do que todo pro player deveria ser, e aproveitou disso para encerrar a carreira no momento certo.

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Arriscou tudo

Imagine você ter uma carreira consolidada em um dos principais cenários competitivos do Brasil e decidir largar para começar do zero em um outro cenário completamente incerto, mas com a perspectiva de sucesso. Assim fez Sacy, quando trocou o League of Legends (LoL) pelo VALORANT, em 2020, e arriscou tudo.

Mas agora, depois de tudo que viveu e conquistou, parece que Sacy tinha certeza de que aquela era a decisão correta a se fazer. O início de sucesso na Team Vikings mostrou que ele realmente estava certo, mas faltava algo além de título brasileiro e de participação em torneio internacional. Era a LOUD. A era da LOUD.

Primeiro foi campeão brasileiro invicto, depois bateu na trave com o vice do Masters Reykjavík, depois foi campeão brasileiro invicto de novo até… decepcionar no Masters Copenhagen. Sacy e a LOUD viveram um misto de altos e baixos naquela que seria a primeira e a última temporada juntos. Mas, de novo, faltava algo além de título brasileiro e de participação em torneio internacional.

Foto: Lance Skundrich/Riot Games

Venceu

Era o Champions 2022: a conquista que mudou a história de Sacy e mudou a história do cenário brasileiro de VALORANT. Foram 11 dias de diferença para a independência do Brasil, mas dá para afirmar que 18 de setembro de 2022 foi a independência do VALORANT no país. O título mundial não só trouxe o sentimento de orgulho, como também confirmou ao mundo o potencial brasileiro na modalidade.

Sacy, no caso, foi uma das figuras mais marcantes daquela conquista por conta da performance dentro do servidor, claro, mas também pela postura de liderança fora dele. Quase sempre era ele, ao lado do argentino Saadhak, o porta-voz da LOUD nos bons e nos maus momentos.

Depois disso, a expectativa por um domínio mundial era imensa. Praticamente todo mundo da comunidade brasileira imaginava que aquela LOUD iria perdurar no topo por muito tempo. Só que Sacy decidiu realizar um sonho antigo e arriscou tudo… de novo.

Foto: Sebastian Stigsby/Riot Games

Arriscou tudo… de novo

Pouco mais de um mês após o título mundial da LOUD, Sacy foi anunciado pela Sentinels, no dia 15 de outubro de 2022, ao lado de pANcada. Os dois foram pioneiros e se tornaram os primeiros brasileiros do cenário competitivo de VALORANT a atuar em uma organização norte-americana, que apostava na dupla campeã mundial para voltar à rota das vitórias na modalidade.

Na época, talvez não existisse nome melhor para a Sentinels do que Sacy. Era experiente, campeão, fluente em inglês e decidido que queria se provar no exterior. Todos os caminhos levavam ao sucesso, mas não foi bem assim na primeira temporada dos dois juntos.

Eliminação precoce no VCT LOCK//IN, fora dos playoffs do VCT Americas e sem disputar nenhum torneio internacional: 2023 foi o pior ano da história do Sacy e da Sentinels no VALORANT. O que antes era certeza de sucesso, passou a ser duvidoso e incerto. Mas o brasileiro decidiu seguir firme, continuou na organização e venceu… de novo.

Foto: Colin Young-Wolff/Riot Games

Venceu… de novo

Sacy deu a volta por cima na Sentinels. E mostrou isso ao mundo da forma como se notabilizou no VALORANT: levantando troféus. Campeão do VCT Kickoff Americas e do Masters Madrid. O primeiro brasileiro a vencer uma liga internacional e os dois principais torneios internacionais do jogo.

Tudo isso aos 26 anos de idade, sendo quatro deles dedicados unicamente ao VALORANT. Mas Gustavo é Sacy há 13 anos, e o preço a se pagar por anos dedicados à chegou justamente no melhor momento da carreira dele. E o melhor momento da carreira dele chegou ao… fim.

Foto: Hara Amoros/Riot Games

Fim

Venceu tudo o que disputou, dominou o Brasil e mostrou ao mundo o quão grande ele é. Poderia vivenciar pelo menos mais quatro anos em alto nível e ser, neste momento, um dos poucos jogadores que provavelmente teria a opção de escolher a organização que gostaria de jogar na próxima temporada.

Só que Sacy optou pelo caminho mais difícil e decidiu parar no auge, assim como grandes nomes do esporte tradicional. E, sim, Sacy é um dos grandes nomes do esporte eletrônico nacional e quiçá internacional. Tudo isso porque ele teve o mesmo tipo de sentimento que outros grandes do esporte tradicional e do esporte eletrônico.

O sentimento de dever cumprido.


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