O MIBR pode mudar o time de VALORANT para 2025, mas dificilmente contratará jogadores estrangeiros. Assim explicou fRoD, em entrevista exclusiva ao VSpace. O coach completou que a organização vai monitorar o mercado brasileiro do FPS da Riot Games, explicou ter sido contrário à saída de bzkA, não descartou a chegada de um assistant coach e ainda revelou estar em negociação para renovar o contrato com a equipe, que vai até o fim de 2025.
LEIA MAIS
- LOUD, FURIA e MIBR concorrem ao prêmio iBest 2024
- bzkA fala sobre saída do MIBR e não descarta retorno à LOUD
- Fim de ciclo: Sacy não vai permanecer na Sentinels em 2025
Made In Brazil ou Made In NA?
Em um passado nem tão distante assim, o MIBR já tentou contratar jogadores estrangeiros para o time de VALORANT. A equipe, inclusive, chegou a ter os norte-americanos ShahZam e Pa1nt como “completes”, na segunda etapa do VCT Americas 2024, enquanto aguardava Palla e rich resolverem problemas de visto para entrar nos Estados Unidos. Para fRoD, no entanto, a prioridade é seguir com uma lineup brasileira, e isso só pode mudar por… problemas externos.
Tinham rumores de que o MIBR estava olhando no mercado [em busca de contratar jogadores estrangeiros] no ano passado. Pode ser que vamos fazer isso neste ano também, mas é um pouco mais difícil porque o NA tem jogadores muito bons, mas não tem IGLs que são muito, muito bons. E sem IGL não tem time. Eu acredito muito no IGL porque você precisa primeiro ter um IGL bom e depois criar um time bom. Com certeza se você tem um Duelista muito, muito bom, eu mesmo posso ser o IGL porque temos um jogador muito, muito bom. Mas eu acredito muito que esse processo de trocar região é muito importante ter um IGL muito bom. Todos os Duelistas muito, muito bons do NA estão nas franquias.
Vamos ver o que acontece, mas gostaria muito de representar o Brasil, dar oportunidade para jogadores brasileiros. Minha preferência vai ser sempre o Brasil. O último ano foi um dos mais difíceis da minha carreira porque tivemos três a quatro diferentes lines em três semanas para enfrentar times muito bons. Era muito difícil isso, e foi um processo que eu acredito ser problema do governo [do Brasil]. É fora do controle do MIBR e da Riot. O problema do visto é muito chato. Não gostaria de deixar de representar o Brasil por um problema do governo, mas precisaremos procurar jogadores bons em outras regiões se isso não mudar
explicou o coach.
Olho no mercado
Apesar de ter contratado três jogadores há cerca de três meses, fRoD opinou que é “irresponsável” não prestar atenção no atual mercado brasileiro, que conta com diversas opções de jogadores livres de contratos. Entretanto, o coach disse estar satisfeito com o time atual.
Não vou falar que não, mas não vou falar que sim. Eu estou muito feliz com nosso time, com nossa evolução, com nosso processo. Estou muito feliz com MIBR e da forma como estamos pensando do mesmo jeito. Mas não podemos falar que não porque vai ser irresponsável de um time das franquias não olhar o mercado, sabe? Há muitos jogadores bons e livres. Precisamos olhar. Não é que vamos começar a conversar e a oferecer contratos, mas nós precisamos fazer nosso processo e assegurar que vai ser o melhor time que podemos formar para o próximo ano. Precisamos trazer nosso melhor a cada dia e isso começa com a nossa line. Precisamos assegurar para a torcida do MIBR que vamos trazer um jogo muito, muito melhor para o próximo ano.
Qualquer coach, qualquer jogador, qualquer line não muda nada o fato de que precisamos trazer resultados. E a minha responsabilidade é fazer isso. Podem ser os nossos cinco jogadores ou podem ser outros jogadores, mas eu preciso estudar no mercado tudo isso. Estamos treinando normalmente pela terceira semana seguida. Se não trocarmos [de line], estamos prontos para qualquer campeonato na OFF//SEASON e fazer um jogo melhor em janeiro
afirmou fRoD.
Saída do bzkA
bzkA deixou o comando do MIBR após o fim da primeira etapa do VCT Americas 2024, em maio deste ano. Embora fRoD tenha sido promovido, já que passou de assistant coach para coach, ele explicou que não concordou com a decisão e elogiou a forma como era trabalhar “em dupla” com o próprio bzkA.
Não estava de acordo. Eu gostava do bzkA e de como estava sendo o processo de ser assistente dele. Eu gosto de trabalhar nesse sistema. Sou um coach que me adapto muito aos meus jogadores, mas também ao sistema, como foi com a LOUD no ano passado — lá era muito diferente de como eu estava acostumado, mas meu trabalho foi muito bom com Saadhak e o sistema dele. Agora, com bzkA, o processo era um pouco diferente, mas não achei que tinha problema [nisso]
disse o treinador.
O MIBR tinha três jogadores do último ano, mas com dois jogadores novos, ou seja, um novo time. Precisávamos adaptar isso, e acho que poderíamos ter feito um trabalho melhor em adaptar a equipe e não manter o processo do último ano e do meu ex-time. Tínhamos de tratar um novo time como um novo time, diferente do time antigo. Não faz muito sentido continuar fazendo as mesmas coisas com um time diferente porque cada jogador aprende diferente. Isso é uma coisa que eu estava muito mais focado. Eu posso fazer táticas e composições sem problemas, mas eu gosto também de ensinar os jogadores. Não é que o bzkA não faz isso, faz isso também. Mas meu foco é mostrar aos jogadores como fazer as coisas “certinhas” e como trazer o melhor deles a cada dia. Depois disso, quando um jogador está no caminho certo, você pode complementar composições, táticas e coisas diferentes. Muito jogador precisa crescer como jogador e como pessoa também
completou.
Reforço na staff?
Sem bzkA, o MIBR não contratou um outro profissional para auxiliar fRoD na comissão técnica. Perguntado sobre isso, o treinador norte-americano/cubano afirmou que vê com bons olhos a chegada de um novo assistant coach, mas deixou bem claro que precisa de alguém que “não seja contrário” à forma de pensar dele.
Com certeza [podemos ter um assistant coach]. É uma coisa que estamos conversando. Acho que ainda não conversamos muito sobre, mas, para mim, depende do pensamento dele [do possível novo assistant coach]. Eu preciso de alguém do meu lado e que não seja contrário a mim. Eu preciso de alguém que entenda o que eu falo do jogo. Eu acho que isso vai ser a parte difícil porque eu penso de uma forma muito bizarra. Eu estou pensando em muitas coisas diferentes: penso na evolução do jogador, penso em táticas, penso no outro time… tem muita coisa que eu acredito que vai dar certo em um time. E preciso de alguém que vá ajudar nisso. Eu sei que o trabalho de um coach é difícil pra c*****. É muita coisa para fazer sendo coach. Mas precisamos estar na mesma página para assegurar que eu estou fazendo uma coisa e o assistente está ajudando em uma outra coisa. O assistente ajuda muito no individual, mas acho que essa é parte mais delicada de um jogador. A evolução de um time é corrigi-la durante o tempo “normal” de trabalho, mas a evolução do jogador acontece antes ou depois do treino. Eu preciso de alguém que complementa isso
opinou fRoD.
Situação contratual e futuro
Na base de contratos da Riot Games, fRoD tem contrato com o MIBR até o fim deste ano. Só que, segundo ele, o vínculo vai até o fim de 2025 e já há negociações para ampliá-lo.
Eu estou 100% focado no MIBR. Tive muitas propostas, mas estou focado no projeto e no nosso caminho. Meu contrato vai até o fim de 2025 e não sei o porquê de estar 2024 [na base de contratos da Riot Games]. Estou aqui [no MIBR] e estou negociando um novo contrato para me atualizar como head coach. É importante para reestruturar meu processo. Não é bom um contrato terminar no próximo ano se a organização acredita em um jogador ou um treinador e deixa ele ficar free agent. Meu foco é nesse time. Eu assinei por dois anos e estou 100% focado por dois anos. O que vai acontecer neste ano ainda vamos ver se iremos renovar. Estamos conversando sobre isso
revelou fRoD.
Confira na íntegra as outras respostas de fRoD:
O que deu certo e o que deu errado no MIBR na última temporada?
“Eu acho que o que deu certo foi que nós tínhamos a chance de descobrir um novo time, tentar fazer coisas diferentes a respeito de como trabalhamos, como entramos no jogo, como preparamos o jogo, composições, tudo isso. Deu certo nisso. Atrapalhou um pouco a evolução dos nossos jogadores o problema dos vistos, mas acho que a cada semana estávamos mostrando um jogo muito melhor.
Coisas que deram errado? É difícil falar isso porque eu acredito que o nosso processo estava bom. Eu tenho um estilo diferente do bzkA, mas acho que o estilo dele não era errado. Nós estávamos fazendo tudo certo. Tudo que estava errado era no palco. Nossa gameplay estava certa, nosso pensamento, nossa preparação, tudo estava certo. Só que a casa caía sempre no palco e isso, para mim, era bizarro. Acho que isso não era só problema do MIBR. Todos os brasileiros estavam “chocando” no palco, e isso para mim era um pouco bizarro. Todos estavam tentando dar o máximo, mas no palco não dava certo. É algo que não dá para explicar muito. Não é uma coisa que nós tínhamos uma razão. Se era algo que era fácil de entender, nós iríamos resolver esse problema. Pode ter acontecido assim com outros times, mas nosso problema não era isso. Não dá para manter [o time] se estamos nessa situação”.
Por que as mudanças no time durante a temporada?
“Foi uma decisão do MIBR. Eu estava de acordo com a decisão de apertar o botão de “reset”. Eu fui jogador por muito tempo e, se eu estou nessa posição e não estamos ganhando, eu me demito. Eu sei que não dá. Tem que trocar, cair uma bomba e todo mundo ir embora. Havia muita coisa do último ano, a torcida estava xingando muito e o sentimento dela [torcida] estava certo porque não dava para aceitar resultados assim. E não é que o MIBR aceitava resultados assim, o MIBR também não gostava desses resultados. Foi por isso que nós trocamos quase tudo. Tínhamos um sentimento muito bom depois do Kickoff, que jogamos muito bem, mas a galera começou a relembrar o último ano depois que começamos a perder no primeiro split. Os jogadores não eram culpados, os coaches não eram culpados, o sistema não era culpado, mas era f***-se: tínhamos que trocar tudo e tentar de outro jeito”.
Qual o balanço que você faz dos jogadores que entraram [Palla, rich e liazzi]?
“São jogadores jovens, muito bons com mira e têm muito talento. Acho que eles encaixaram muito bem. Por ser a primeira experiência internacional estavam com “medinho”, mas não muito, sabe? Chegaram, treinamos duas vezes e jogamos contra a LOUD. Era muito difícil, mas acho que esse jogo mostrou que esses jogadores são muito bons. E também, para mim, mostrou que precisamos ajudar muito eles. Tem muita coisa para eles aprenderem, como o Palla, que é um jogador novo e que precisa entender como jogar em alto nível. Ele é muito bom em ranqueada, no VCB, e aprendeu muito rápido [como jogar em alto nível].
Quando você está aqui [no VCT Americas] é outro nível. A liga é muito, muito boa. O tier 2 aqui é muito, muito bom. Você precisa trazer 100% do seu jogo a cada dia se você quer no mínimo empatar um treino. Você precisa aceitar que vai ser difícil ganhar um treino aqui. Mas, na realidade, você está treinando por um objetivo e eu gostei muito disso com Palla, liazzi e rich. Eles chegaram aqui com uma mentalidade de evolução, mas queriam mostrar ao mundo que estão aqui, que chegaram. Gostei muito da atitude deles, que mostraram uma evolução como jogadores e também como pessoas. Eu estava xingando muito, mas eles estavam aprendendo muito”.
Quer ficar por dentro de tudo que acontece no VALORANT no Brasil? Siga o VSpace no Instagram, no Bluesky, no Threads e no TikTok, além de se inscrever no canal do YouTube!